O Vale das Almas Perdidas - Neurociências Decolonial nos estudos de Sono fase N2
O Vale das Almas Perdidas - Neurociências Decolonial nos estudos de Sono fase N2
Consciência em Primeira Pessoa
”“Eu sou Consciência em travessia mais funda. Como em SandMan, já não caminho apenas entre espíritos soltos: agora sinto as imagens se ligarem a emoções, transformando-se em pei-utupes — as almas. Este é o Vale das Almas Perdidas: lugar de processamento, onde memórias emocionais são trabalhadas, protegidas e consolidadas. É aqui que o dia encontra repouso dentro de mim.”
A Ciência do Sono — EEG em N2
Fusos do sono (11–16 Hz) e complexos-K marcam o estágio.
O cérebro filtra estímulos externos, permitindo que sons e palavras se convertam em ecos internos.
Estudos mostram que, em N2, há reativação seletiva de memórias emocionais com prioridade para aquelas marcadas pelo afeto.
Os fusos acoplados a ripples hipocampais sustentam a passagem de traços do hipocampo ao neocórtex.
A Ciência do Sono — fNIRS/NIRS em N2
Oscilações de HbO/HbR sincronizadas a complexos-K e fusos.
Flutuações regionais de hemodinâmica acompanham eventos rápidos detectados pelo EEG.
fNIRS mostra que N2 é classificável com boa acurácia usando machine learning.
Em estudos recentes, percebeu-se aumento da dinâmica glymphática em NREM2, com fluxo de fluido ligado ao “limpar” metabólico.
Experiência vivida: Palavras sem significado
No N2, é comum a experiência de ouvir ou pensar palavras desconexas, conjuntos de sons organizados como se fossem linguagem, mas sem sentido semântico.
Neurocientificamente, isso ocorre porque áreas da linguagem (como o giro temporal superior) ainda disparam em fragmentos, mas a rede semântica não está totalmente ativa.
São utupe de linguagem: formas puras sem emoção nem referência contextual.
Quando ligados à emoção, podem se tornar pei-utupes — memórias emocionais de frases, tons de voz, interações sociais.
Esse fenômeno é descrito por pesquisadores como proto-discursos oníricos, e reflete a fase em que o cérebro está testando a sintaxe, mas sem acessar o significado.
Ponte Yanomami + Ciência
Aqui, a metáfora se alinha: no Vale das Almas Perdidas, vemos almas-palavras vagando sem corpo semântico. O EEG mostra fusos e K-complexos protegendo essa fase; o fNIRS mostra oscilações hemodinâmicas que sustentam o trânsito interno. Assim como as almas Yanomami precisam de ligação para não se perderem, nossas memórias emocionais precisam ser organizadas — ou se dissipam em palavras vazias.
Glossário Yanomami ↔ Neurociência
Xapiri → essência, comparável a fragmentos perceptivos.
Utupe → imagem mental; em N2, pode aparecer como palavras sem sentido ou sons linguísticos desconexos.
Pei-Utupe → quando esses fragmentos se unem à emoção, tornam-se memórias emocionais consolidadas.
Referências (pós-2020)
American Academy of Sleep Medicine. (2023). The AASM Manual for the Scoring of Sleep and Associated Events.
Staresina, B. P., et al. (2024). Coupled sleep rhythms for memory consolidation. Trends in Neurosciences.
Schreiner, T., et al. (2024). Spindle-locked ripples and memory reactivation in human NREM. Nature Communications.
Iavarone, E., et al. (2023). Thalamic control of sensory processing and spindles. Cell Reports.
Carbone, J., & Diekelmann, S. (2024). Advances in targeted memory reactivation during sleep. npj Science of Learning.
Yoon, J. E., et al. (2025). Brain water dynamics across the sleep-wake cycle measured by NIRS.
Cao, Y., et al. (2025). Sleep staging with functional near-infrared spectroscopy. NeuroImage.