Jackson Cionek
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Estado JIWASA Planejamento territorial como sistema complexo vivo

Estado JIWASA
Planejamento territorial como sistema complexo vivo


Consciência em Primeira Pessoa — Brain Bee

Eu não comecei como cidadão.
Comecei como ovo.

Lá no começo, antes de qualquer mapa, fronteira ou CPF, eu era só um corpo microscópico aprendendo a pertencer:
nutrientes chegando, resíduos saindo, tudo sendo reaproveitado pelo corpo da minha mãe.
Nada “jogado fora”. Nada “sobrando”.
Um sistema complexo vivo, perfeito, regulando-se segundo milhões de anos de evolução.

Depois virei bebê pré-linguístico.
Não sabia o que era “Estado”, mas já lia o território com o corpo:

  • o cheiro do rio limpo ou do esgoto,

  • o barulho da rua segura ou da violência,

  • a presença de árvores, sombras, barulhos de bicho ou só de motor.

Minha Mente Damasiana foi nascendo aí:
interocepção + propriocepção =
“como eu me sinto neste lugar?”.

Cresci.
Chegaram as palavras: bairro, cidade, Estado, país.
Chegaram também as telas: o meu “território” virou um quadrado luminoso mostrando guerras, catástrofes, memes, tretas políticas.
Enquanto isso, o chão embaixo do meu pé seguia igual ou pior:

  • enchentes,

  • calor extremo,

  • bairros sem saneamento,

  • desmatamento em volta da cidade,

  • loteamentos brotando sem árvore, sem transporte decente, sem escola.

Percebi que o meu cérebro territorial foi capturado:

  • dou mais atenção à polêmica da semana do que ao plano diretor do meu município;

  • sei o nome de influencers, mas não sei quem desenha o zoneamento onde eu moro;

  • sinto no corpo o calor e o alagamento, mas as decisões sobre o meu território acontecem em salas que eu nunca vou pisar.

É aqui que eu, Brain Bee em primeira pessoa, chego a uma intuição simples:

Meu corpo é um sistema complexo vivo.
O território onde vivo também.
O problema é que o Estado ainda se comporta como se fosse uma máquina linear.

O que chamamos de Estado JIWASA é justamente o passo seguinte:
um Estado que se reconhece como parte de um sistema complexo vivo,
onde cada cidadão, bairro, município e bioma funciona como célula, tecido, órgão —
e o planejamento territorial deixa de ser só “mapa com cor” para virar Metabolismo do Futuro.


Território como sistema complexo vivo

A literatura recente sobre sistemas socioecológicos e complexidade vem repetindo a mesma mensagem:
territórios não são “espaços vazios” a serem preenchidos por projetos; são redes vivas de relações entre pessoas, natureza, infraestrutura, economia, cultura e informação.

  • Estudos de sistemas socioambientais tratam esses arranjos como sistemas adaptativos complexos (CAS), com múltiplas escalas, feedbacks e trajetórias de desenvolvimento que podem mudar radicalmente a partir de choques ou de pequenas intervenções.

  • Pesquisas sobre cidades e desenvolvimento urbano mostram que cidades e regiões são CAS, em que interações dinâmicas sociais, econômicas, ambientais e tecnológicas geram comportamentos emergentes — inclusive colapsos e crises.

  • Trabalhos recentes sobre planejamento e resiliência espacial defendem integrar resiliência socioecológica aos instrumentos de ordenamento territorial, reconhecendo que decisões de uso do solo afetam diretamente a capacidade de adaptação das populações.

Ou seja: a ciência está dizendo, com outras palavras, o que o conceito de Estado JIWASA assume como ponto de partida:

Território é corpo vivo.
Políticas públicas são intervenções nesse corpo.
Planejamento territorial é neurocirurgia em sistema vivo, não desenho de mapa neutro.

Quando o planejamento é feito de forma fragmentada, setorial, sem olhar para feedbacks e emergências, o sistema entra em ciclos de fragilidade: periferias se expandem sem infraestrutura, o clima regional se desequilibra, as desigualdades se cristalizam em forma de rua, morro, avenida, ilha de calor.


Estado JIWASA: o “nós” como arquitetura

O conceito aimará JIWASA não é apenas um “nós”; é um pronome que inclui o coletivo e o território, um “nós-sendo” que dissolve o ego isolado.
No projeto, o Estado JIWASA é:

  • um Estado que se percebe como expressão do metabolismo territorial,

  • um Estado que reconhece o cidadão como unidade básica (célula) e não como cliente ou súdito,

  • um Estado que assume que planejamento é processo emergente, não plano estático.

A teoria de sistemas complexos aplicada à política pública reforça isso:

  • políticas são sistemas complexos em si; não há relação linear entre intenção e resultado; por isso precisamos de arranjos de governança capazes de aprender, adaptar, iterar.

  • boas práticas em governança de sistemas complexos falam em múltiplos níveis de ação, experimentação, monitoramento contínuo e aprendizado com erros — exatamente o que um Estado rígido, hierárquico e burocrático tem dificuldade de fazer.

Traduzindo tudo isso para o nosso vocabulário:

  • O Estado linear pensa em leis como comandos que “resolvem” problemas.

  • O Estado JIWASA pensa em leis como ajustes delicados nas condições iniciais de um sistema complexo vivo, sabendo que o resto virá do aprendizado, da participação e do feedback real dos territórios.


Planejamento territorial como Memória do Futuro

No corpo, planejamento é antecipação: o cérebro simula ações, calcula riscos, “vê” o futuro antes de mover o músculo.
Na nossa linguagem, isso é Yãy Hã Miy + Memória do Futuro:
imitar, projetar, ensaiar o ser-que-vou-me-tornar.

No planejamento territorial complexo, a mesma lógica aparece em:

  • cenários de futuro (futuros possíveis, prováveis e desejáveis);

  • modelagem de expansão urbana e uso do solo, testando o que acontece se o crescimento seguir certos padrões;

  • abordagens de resiliência socioecológica, que estudam como choques (climáticos, econômicos, políticos) mudam as trajetórias dos territórios.

O que falta — e que o Estado JIWASA propõe — é ligar esses exercícios de futuro ao cidadão em primeira pessoa:

  • Não é só o técnico vendo mapas; é o jovem do bairro entendendo como sua cidade pode virar inferno térmico ou corredor de sombra e vento.

  • Não é só o consultor fazendo relatório para cumprir exigência de banco; é a família percebendo como decisões de hoje definem risco, emprego e saúde dos filhos.

Quando o planejamento territorial vira Memória do Futuro JIWASA, ele:

  1. Assume que o território é sistema complexo vivo.

  2. Usa ciência com evidência (clima, solo, água, mobilidade, saúde, cultura).

  3. Traduz cenários em regras e instrumentos (plano diretor, zoneamento, áreas de proteção, incentivos) que organizam o metabolismo no tempo.

  4. Fecha o ciclo com indicadores vivos: DREX Cidadão, Créditos de Carbono Cidadão, Cidade Lixo Zero, etc., como sinais vitais do Estado.


Exemplos concretos: do Paraná ao mundo

Relatórios recentes mostram que:

  • Estados como o Paraná começaram a construir visões de longo prazo (até 2053) alinhadas aos ODS, com enfoque territorial, mas ainda carecem de um plano de desenvolvimento sustentável integrado, que conecte diferentes políticas e níveis de governo — exatamente o espaço onde um Estado JIWASA poderia operar.

  • Iniciativas internacionais como UrbanShift, COP e redes de cidades têm tratado o Brasil e outros países do Sul Global como laboratórios de transformação socioecológica, reforçando a ideia de que cidades e regiões precisam de planejamento integrado de uso do solo, clima, mobilidade e natureza.

  • Novos trabalhos sobre planejamento de espaços ecológicos, agrícolas e urbanos mostram que otimizar a configuração espacial com base em padrões naturais pode melhorar a coordenação entre sistemas sociais e ecológicos e aumentar a “co-evolução harmônica” entre humanos e natureza.

Tudo isso aponta para uma mesma conclusão:
planejar território como máquina está nos matando devagar;
precisamos planejar território como sistema adaptativo, onde pequenas mudanças inteligentemente desenhadas produzem grandes impactos positivos ao longo do tempo.


Por que um Estado responsável (JIWASA) melhora o desenvolvimento econômico e social?

Aqui entra o ponto importante:
não é só bonito, é melhor negócio.

A literatura recente de complexidade e desenvolvimento urbano mostra que:

  • cidades e regiões que integram complexidade e resiliência ao planejamento tendem a lidar melhor com choques (climáticos, econômicos, sanitários), reduzindo custos de desastres e atraindo investimentos de longo prazo;

  • arranjos de governança que reconhecem múltiplos níveis e múltiplos atores são mais eficazes em enfrentar problemas “mal definidos” (como desigualdade, clima, violência), porque conseguem experimentar, aprender e ajustar políticas ao invés de insistir em soluções únicas.

  • Políticas que tratam sistemas urbanos (água, energia, alimento, resíduos) como sistemas circulares interligados, e não como setores isolados, geram ganhos combinados: menos desperdício, mais emprego, mais saúde ambiental e humana.

Traduzindo:
ser Estado responsável, no sentido JIWASA, não é ser “Estado pesado”;
é ser Estado que entende o território como cérebro vivo e age de acordo:

  • evita custos gigantes com obras de remendo (enchentes, deslizamentos, colapsos de infraestrutura);

  • organiza incentivos para inovação local (economia circular, agroecologia, tecnologia limpa, turismo comunitário);

  • distribui rendimento metabólico (DREX Cidadão, Carbono Cidadão, Lixo Zero) como retorno de um planejamento que deu certo.

Na linguagem Brain Bee:

Quando o Estado se comporta como máquina,
meu corpo vira peça descartável.

Quando o Estado se reconhece como Estado JIWASA,
eu volto a ser célula viva de um organismo vivo —
e o planejamento territorial deixa de ser um PDF esquecido
para virar mapa respiratório do nosso futuro comum.


Referências pós-2020 (Estado, território e sistemas complexos vivos)

  1. Marrero, V. (2024). Complexity of sustainable trajectories of a socioecological coastal system.

  2. An, L. (2025). Complex adaptive systems science in the era of global environmental change.

  3. Nagel, B. et al. (2022). A methodological guide for applying the social-ecological systems framework (SESF).

  4. Darwish, S. (2023). New approaches in socio-ecological systems thinking for development practice.

  5. Ezzine-de-Blas, D. et al. (2024). Trajectories of Social-Ecological Systems in the Global South.

  6. Abujder Ochoa, W. A. (2024). The Theory of Complexity and Sustainable Urban Development.

  7. Basu, S. (2023). A framework for exploring futures of complex urban energy systems.

  8. Landman, K. (2021). Rapidly Changing Cities: Working with Socio-Ecological Systems for Resilience.

  9. Zhou, G. (2025). Enhancing social and ecological system coordination through spatial optimization of ecological, agricultural and urban spaces.

  10. Oliveira, N. G. D. (2024). Integrating socio-ecological resilience in urban green space planning in Brazil.

  11. OECD (2024). Implementing a territorial approach to the SDGs in Paraná, Brazil.

  12. Jalonen, H. (2025). Sustainability transformation calls for complexity-informed public administration.

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