Jackson Cionek
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Bass, Emoção e EEG: Quando a Música Move o Corpo Antes da Mente

Bass, Emoção e EEG: Quando a Música Move o Corpo Antes da Mente

Epain, N., Moulin, S., Mingam, C., Wallerich, M., Corteel, E., & Arnal, L. H. (2025). Bass amplification impacts emotional, neural and physiological responses to music. Applied Acoustics, 241, 110993.


Consciência em Primeira Pessoa Brain Bee Idea

Quando a batida grave atravessa o corpo, algo se move antes de qualquer pensamento.
O som toca o peito, o ar vibra, e o corpo responde sem precisar pedir licença à razão.
Esse instante — puro, imediato, anterior à linguagem — é o que chamo de Consciência em Primeira Pessoa.
É quando a experiência se dá antes de ser interpretada.

Nasci para estudar esses momentos em que o corpo pensa por si, quando a vibração se torna conhecimento.
E é exatamente isso que o trabalho de Epain et al. (2025) conseguiu demonstrar: que a música é uma linguagem biológica, e que o grave é sua gramática mais ancestral.


O Estudo

O estudo analisou como a amplificação dos sons graves (bass) modifica as respostas emocionais, neurais e fisiológicas à música.
Usando EEG e medidas periféricas — como a condutância da pele —, os autores mostraram que as baixas frequências intensificam a emoção e aumentam a sincronia entre as áreas auditivas e motoras.

Os resultados são claros:
quanto mais o grave se impõe, mais o corpo dança — mesmo parado.
E quanto mais o corpo participa, mais o cérebro entra em coerência.
A emoção, aqui, não nasce da mente, mas do movimento.


Fruição e Mente Damasiana

A Fruição é o estado em que o sentir e o agir coincidem, quando não há distância entre o que acontece e o que se é.
Durante a fruição musical, o cérebro não interpreta: ele sincroniza-se.
O corpo e a percepção vibram no mesmo pulso, e é essa sincronia que libera dopamina e prazer.

Dentro da Mente Damasiana, que une interocepção (sentir-se por dentro) e propriocepção (sentir-se no espaço), a fruição representa um equilíbrio energético entre o ritmo interno e o ritmo do mundo.
Não é atenção plena, é consciência vivida.
O corpo se torna o palco e o instrumento ao mesmo tempo.

Quando o grave toca, o sangue, o coração e os músculos entram em micro-ritmos que informam o cérebro sobre o pertencimento.
A emoção, portanto, não é reação, mas reconhecimento corporal do som.


Yãy Hã Miy — O Som como Pertencimento

Os Maxakali chamam de Yãy Hã Miy o processo de imitar-se ser — tornar-se aquilo que se deseja compreender.
Na música, isso é exato: ao ouvir, o corpo imita o som; ao dançar, o som imita o corpo.
A vibração se torna uma forma de conhecimento, um aprendizado sem palavras.

Esse estudo confirma algo que as culturas ameríndias nunca esqueceram:
o som não é um estímulo externo — é uma relação de pertencimento.
Amplificar o grave é ampliar o território comum entre corpos.
É o som se fazendo carne, é o corpo coletivo dançando dentro de cada um.


Evidência e Corpo

Os dados de Epain et al. (2025) mostram que:

  • A amplificação de graves aumenta a excitação emocional e a atividade cortical;

  • O EEG revela maior coerência beta-motora, indicando engajamento cinestésico inconsciente;

  • Pessoas com maior sensibilidade interoceptiva vivenciam prazer musical mais intenso.

Esses achados reforçam uma ideia que sempre defendo:
as emoções são mapeamentos corporais antes de se tornarem sentimentos conscientes.
A música, nesse sentido, é um espelho do metabolismo emocional humano.


Uma Leitura Decolonial

A ciência ocidental por muito tempo tratou o som como dado físico, e a emoção como resposta cerebral.
Mas este estudo mostra o inverso: é o corpo que comanda o cérebro.
E esse corpo não é uma máquina — é um território vibrante, um campo sensível.

Nas práticas ameríndias, o som é também um modo de alinhar-se com a terra e os outros seres vivos.
Quando um tambor ressoa, o corpo reconhece o planeta pulsando.
O bass, dentro das festas urbanas, é a forma moderna de um tambor ancestral.
É a Terra, traduzida em frequência.

Portanto, estudar graves e EEG não é apenas investigar o prazer musical — é pesquisar a pulsação do pertencimento humano.
A ciência começa a medir o que os povos de dança e canto sempre souberam viver: a emoção é comunhão.


EEG-fNIRS e o Corpo Musical

Para nós que trabalhamos com EEG e fNIRS no contexto do SFN 2025, este artigo abre caminhos importantes:

  • Medir entrainment neural auditivo-motor com EEG de alta densidade (Brain Products, LiveAmp, actiCAP);

  • Mapear com fNIRS as regiões pré-frontais durante o prazer musical;

  • Explorar como a fruição pode ser quantificada pela coerência entre sinais neurais e fisiológicos.

Essas tecnologias não capturam apenas “dados”: elas registram momentos de unidade entre o corpo e o som.
A neurociência, enfim, começa a compreender a espiritualidade do ritmo.


Conclusão

O estudo de Epain et al. (2025) é mais do que uma pesquisa sobre música — é uma evidência experimental de que a consciência nasce em movimento.
O grave não apenas preenche o espaço sonoro; ele reorganiza o corpo como campo sensorial da mente.

A emoção, portanto, não é algo que sentimos depois.
Ela é o próprio gesto de nos tornarmos mundo.
O EEG apenas confirma o que o coração já sabia dançar.


Palavras-chave e SEO

EEG SFN 2025 • música emocional • bass amplification • fruiçãointerocepção • corpo território • Mente Damasiana • Yãy Hã Miy • Brain Products • NIRx • hyperscanning • neuroestética • propriocepção sonora

 

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Jackson Cionek

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