Jackson Cionek
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Architecture that thinks with me - Turning corners and the hidden cost of spatial attention

Architecture that thinks with me

Turning corners and the hidden cost of spatial attention

(Consciência em Primeira Pessoa • Neurociência Decolonial • Brain Bee • O Sentir e Saber Taá)


O Sentir e Saber Taá — when the hallway already thinks my next move

I walk down a corridor and, antes mesmo de pensar, meu corpo muda.
My shoulders tighten a little, my step slows, my eyes widen.
There is a corner ahead. I don’t “decide” to pay more attention — my whole body just does it.

That is Taá in space:
I feel the bend in the architecture before I know I am calculating risks, predicting what might appear, reorganizing my spatial attention.

In these moments I realize:

The wall doesn’t move, but my brain does.
The building is not neutral; it pulls on my attention, on my vigilance, on my sense of safety.

And then another layer appears.
I notice that the way I describe this — “good” design, “efficient” circulation, “smart” layouts — often uses a colonial vocabulary that treats my body like a defective machine being optimized for productivity. The language itself tries to erase how space can be oppressive, exclusionary, or healing.

When I feel my body before I think — when Taá se manifesta — I perceive that there is no separation between Neuroscience, Politics and Espiritualidade (Utupe, Xapiri, memória viva).
Architecture is not only walls and doors; it is a grammar of who may pass safely and who walks sempre em alerta.

Every corner, every narrow passage, every open praça is a small negotiation between my Corpo Território and a world mostly designed from WEIRD, colonial eyes.


The study we are dialoguing with

Here I walk ao lado do trabalho de Z. Djebbara, D.C. Huynh, A. Koselevs, Y. Chen, L.B. Fich e K. Gramann, publicado em 2025 na revista NeuroImage:

“Turning corners in built environments alters the costs of spatial attention.”

É importante que quem procurar por esse artigo encontre também a nossa leitura decolonial.
Este estudo pergunta, com precisão experimental, algo que meu corpo já intuía no Taá:

Será que a simples forma de um corredor e de uma esquina muda o custo atencional do ato de caminhar?


A pergunta científica

De forma simples, os autores investigam:

  • O que acontece com minha atenção espacial quando eu viro uma esquina em um ambiente construído?

  • Diferentes tipos de layout (corredores estreitos, esquinas fechadas, espaços mais abertos) mudam quanto esforço de atenção o cérebro precisa fazer para navegar?

  • Esse custo é apenas “mental” ou é um custo pleno, corpo–espaço, que aparece nas oscilações cerebrais enquanto me movo?

É uma pergunta aparentemente pequena — virar uma esquina — mas que revela um ponto gigantesco:

O espaço construído modula o metabolismo atencional do cérebro.


Métodos e análise — MoBI, EEG e o cérebro em movimento

O estudo usa um paradigma de Mobile Brain/Body Imaging (MoBI):

  • participantes caminham em ambientes arquitetônicos controlados (reais ou virtuais imersivos) com diferentes tipos de esquinas e corredores;

  • ao mesmo tempo, usam EEG móvel, registrando a atividade elétrica cerebral enquanto o corpo se move.

Na análise, entram vários elementos do nosso PROMPT-MATRIZ:

  • Pré-processamento com ICA (Independent Component Analysis)

    • remoção de piscadas, movimentos musculares, artefatos de marcha;

    • separação dos componentes neurais reais dos ruídos do movimento.

  • Análise espectral (FFT / time–frequency)

    • decomposição do sinal em bandas de frequência (alfa, beta, teta);

    • comparação de como essas bandas mudam quando o participante caminha em linha reta versus quando vira a esquina.

  • Topografia e CSD

    • mapeamento de onde, no couro cabeludo, essas mudanças acontecem;

    • uso de CSD (Current Source Density) ou projeções tipo LORETA/sLORETA para aproximar regiões corticais (por exemplo, áreas parietais e pré-frontais de atenção espacial).

  • Análises multivariadas

    • comparação de padrões entre diferentes tipos de esquina e layout;

    • associação entre custo atencional (medidas comportamentais) e padrões EEG.

Tudo isso transforma o ato cotidiano de “virar a esquina” em um experimento de alta resolução sobre como o espaço puxa a atenção do cérebro.


Resultados principais — nem toda esquina custa igual

Os resultados mostram que:

  • Virar esquinas em certos tipos de corredores aumenta marcadamente o custo de atenção espacial;

  • Isso aparece como mudanças específicas em bandas como alfa e beta em áreas parietais e pré-frontais, associadas a:

    • aumento de vigilância,

    • atualização do mapa espacial interno,

    • antecipação de possíveis ameaças ou novidades após a curva;

  • Arquiteturas mais abertas, com visibilidade maior e trajetórias mais previsíveis, reduzem esse custo atencional, mesmo quando a tarefa de caminhar é a mesma.

Resumindo:

O desenho do ambiente constrói uma carga atencional invisível.
Cada esquina é uma micro–tarefa cognitiva.


Lendo isso com nossos conceitos

Mente Damasiana
A consciência, como interação entre interocepção e propriocepção, aparece aqui em movimento:

  • o corpo atualiza continuamente onde está,

  • sente o peso da parede, o estreitamento do corredor,

  • e reorganiza a atenção antes de qualquer “pensamento verbal”.

O EEG está captando esse fluxo contínuo de corpo que pensa com o espaço.

Quorum Sensing Humano (QSH)
Num corredor estreito, meu corpo imagina a presença de outros — mesmo vazios, esses espaços carregam memórias de multidão, aperto, ameaça.
O QSH aqui é espacial: o corpo negocia com a possibilidade de encontro, colisão, vigilância.

Eus Tensionais
Cada esquina ativa um certo Eu Tensional:

  • o Eu da cautela,

  • o Eu da exploração,

  • o Eu da fuga possível.

Esses “eus” modulam postura, velocidade, microcontrações musculares — e isso se espelha em mudanças de alfa/beta no EEG.

Zona 1 / Zona 2 / Zona 3

  • Em Zona 1, o caminhar é automatizado: corredores previsíveis, visibilidade boa, baixo custo atencional.

  • Em Zona 2, o espaço convida à fruição: curvas suaves, luz natural, sensação de explorar em segurança — aqui arquitetura pode abrir criatividade e curiosidade.

  • Em Zona 3, certos ambientes forçam atenção tensa: esquinas fechadas, corredores opressivos, sensação de vigilância ou perigo.
    Nessa zona, a arquitetura sequestra interocepção e propriocepção, impondo uma atenção ansiosa e defensiva.

DANA e Corpo Território
DANA — a inteligência do DNA — aprendeu, ao longo de milênios, que curvas podem esconder predadores, abismos, ameaças.
O estudo mostra como essa história evolutiva ainda vive nas respostas elétricas do cérebro quando simplesmente viramos uma esquina no shopping, no hospital ou no metrô.

Yãy hã mĩy (origem Maxakali)
No sentido original, Yãy hã mĩy é imitar o animal que se quer caçar.
No sentido estendido que usamos, eu me imito caminhando na esquina antes de caminhar de fato — antecipo, simulo, ajusto.
O EEG mostra essa antecipação: meu cérebro encena a curva antes de executá-la.


Onde a ciência ajusta nossas ideias

A arquitetura moderna, muitas vezes colonial, ainda finge ser neutra: fala de fluxo, eficiência, estética “universal”.
O estudo de Djebbara e colegas desmonta essa ilusão:

o espaço não é neutro para o cérebro;
ele impõe custos atencionais diferentes sobre corpos diferentes.

Isso nos obriga a revisar:

  • projetos de hospitais, escolas, prisões, estações de transporte;

  • como esses lugares podem produzir mais Zona 3 do que Zona 2;

  • como a “boa arquitetura” não é apenas bonita, mas neuroafetivamente justa.


Implicações para cidades e política na América Latina

  • Escolas e universidades
    Corredores, escadas e entradas que reduzem medo e vigilância contínua podem liberar recursos atencionais para aprender — especialmente em periferias marcadas por violência.

  • Hospitais e unidades de saúde
    Layouts que não amplificam ansiedade em cada esquina podem melhorar adesão a tratamentos, especialmente em psiquiatria e geriatria.

  • Transporte público
    Plataformas, túneis e estações precisam ser pensados como reguladores de Zona 2 e Zona 3, e não como meros “canais de fluxo”.

  • Políticas urbanas decoloniais
    Cidades latino-americanas podem liderar uma arquitetura que respeita Corpo Território, dialogando com saberes indígenas sobre espaço, circulação, território sagrado e segurança coletiva.

E, em silêncio, o EEG confirma:

quando mudo o espaço, mudo o cérebro que caminha dentro dele.


Palavras-chave para busca científica

“Djebbara Huynh Koselevs Chen Fich Gramann 2025 NeuroImage ‘Turning corners in built environments alters the costs of spatial attention’ mobile EEG architecture spatial attention MoBI ICA FFT CSD”








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Jackson Cionek

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