Jackson Cionek
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Percepção colonizada: quando o sinal vira narrativa

Percepção colonizada: quando o sinal vira narrativa

Subtítulo: o Eu-Bioma continua vivo, mas a primeira pessoa passa a ser governada por um piloto externo

1) Abertura sensorial

Você já percebeu como certas situações entram em você antes de qualquer escolha? Um shopping com luz e música específicas. Um feed que te puxa sem pedir licença. Um grupo onde você “vira alguém” para caber. Em segundos, o corpo muda: respiração encurta, mandíbula fecha, ombros sobem, o olhar fica estreito. Só depois vem a frase: “eu estou bem”, “eu só preciso resolver isso”, “eu tenho que provar alguma coisa”.

A colonização da percepção acontece exatamente aí: o bioma muda primeiro, mas você aprende a explicar esse estado com uma história pronta — uma narrativa que não nasceu do sinal do corpo, mas do que o ambiente pede de você.

E quando isso vira rotina, algo sério acontece: você não perde o Eu-Bioma (porque continua vivo). Você perde a soberania da primeira pessoa.


2) Tese do texto

Tese 1: Colonização da percepção é quando regras externas (cultura, medo, métricas sociais, algoritmos, ideologias) passam a governar a atenção e a forma como você interpreta seu próprio corpo.
Tese 2: O corpo sinaliza (interocepção/propriocepção), mas você aprende a traduzir esses sinais com narrativas de fora, até confundir “estado do bioma” com “quem eu sou”.
Tese 3: Descolonizar não é “pensar bonito”. É recuperar método: voltar do enredo para o sinal.


3) Três seções principais (com exemplos concretos)

Seção A — Como a colonização opera: captura de atenção + tradução automática

A colonização moderna não precisa de violência explícita. Ela precisa de duas coisas:

  1. Captura de atenção
    Seu foco é direcionado por estímulos que exploram recompensa e ameaça: comparação, urgência, polêmica, novidade, pertencimento.

  2. Tradução automática do corpo
    O corpo entra em estado (tensão, alerta, excitação, retração). Em vez de ler isso como “meu Eu-Bioma está mudando”, você aprende a traduzir com frases prontas:

  • “Eu sou fraco.”

  • “Eu sou ansioso.”

  • “Eu preciso vencer.”

  • “Eu não posso parar.”

Repara: a história vira identidade. O sinal vira culpa.

Isso é colonização: a interpretação do eu passa a ser terceirizada.


Seção B — Tesoura–Pedra–Papel: o mecanismo interno que facilita a colonização

Você já tem uma ferramenta perfeita para explicar o processo:

  • Tesoura (pré-frontal / recorte): classifica, justifica, inventa coerência (“eu tenho que…”).

  • Pedra (sensório-motor / reação): executa rápido: rola feed, come rápido, discute, foge, repete.

  • Papel (fruição + metacognição): integra o todo, sente, desacelera, reposiciona.

A colonização funciona como um circuito curto:

  1. Pedra reage ao estímulo (ameaça/recompensa).

  2. Tesoura explica com uma narrativa “aceitável” (ou com autoataque).

  3. Papel não entra (porque exigiria pausa e sentir o bioma).

Com o tempo, você vive numa dupla Tesoura–Pedra:

  • pensa para justificar,

  • age para se defender,

  • repete para não sentir.

E aí a primeira pessoa vira um personagem rígido.


Seção C — O custo real: quando o Eu-Bioma vira “bateria” e o eu vira “perfil”

Quando a percepção é colonizada, o Eu-Bioma vira um recurso a ser explorado:

  • sono vira moeda,

  • atenção vira produto,

  • corpo vira obstáculo,

  • água e comida viram gasolina rápida.

Você começa a existir como se fosse um perfil: uma imagem de si, um desempenho. O corpo, que deveria ser território e fundamento, vira “plataforma de trabalho” e “máquina de aguentar”.

Aqui entra o paralelo com biomas do Peru (escala grande):

  • quando um território é colonizado, ele vira fonte de extração;

  • quando uma mente é colonizada, ela vira fonte de desempenho.

O mesmo padrão: retirar mais do que o sistema pode regenerar, enquanto se conta uma história que justifique.


4) Pergunta de Pesquisador Adolescente (testável)

Pergunta: Quais são os 3 gatilhos que mais colonizam minha percepção em minutos — e quais sinais do meu Eu-Bioma aparecem primeiro?

Exemplos de gatilhos: notificação, comparação social, cobrança, notícia, discussão, música/luz de ambiente, pressa, “preciso ser alguém”.


5) Mini-protocolo seguro e barato (7 dias)

Objetivo: identificar “sinal antes da narrativa” e recuperar soberania.

Regra de ouro: sempre que perceber mudança de humor/impulso, registrar em 15 segundos:

A) Sinal do bioma (1 linha):

  • respiração: curta/longa

  • mandíbula: solta/fechada

  • ombros: baixos/altos

  • barriga: leve/pesada

  • olhar: aberto/estreito

B) Narrativa automática (1 linha):

  • “eu tenho que…”

  • “eu sou…”

  • “eles estão…”

  • “se eu não…”

C) Intervenção mínima (30–60s):

  • 5 expirações longas ou

  • beber 3 goles de água ou

  • olhar para longe por 20 segundos (abrir horizonte)

No final de 7 dias, você terá um mapa: qual gatilho coloniza e qual sinal inaugura o sequestro.


6) Corpo-Território (APUS) em 3–5 minutos

Sem misticismo. Só reposicionamento do Eu-Bioma.

  1. Nomear o evento (10s): “Percepção colonizada iniciando.”

  2. Abrir o corpo (60s): soltar mandíbula + baixar ombros 10% + expirar mais longo 6 vezes.

  3. Abrir o território (60s): olhar distante e sentir pés no chão.

  4. Voltar ao dado (30s): “Qual é o sinal? Qual é a história?”

Frase de fechamento:

“Eu volto do enredo para o sinal.”


7) Fechamento + chamada para ação

A colonização mais eficiente é aquela que te convence de que você é a narrativa, e não o bioma que sente. Descolonizar é recuperar a primeira pessoa como prática: sentir, regular, escolher.

Chamada para ação (1 minuto):
Escreva 3 pares (gatilho → sinal):

  • Gatilho 1: ____ → Sinal do Eu-Bioma: ____

  • Gatilho 2: ____ → Sinal do Eu-Bioma: ____

  • Gatilho 3: ____ → Sinal do Eu-Bioma: ____




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Jackson Cionek

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