Rodrigo Oliveira
3464 Views
Olmeca: cultura, comportamento, epigenética e competências socioemocionais.


Sabemos que a ciência pode ser apresentada de diferentes formas no intuito de oferecer uma melhor compreensão sobre o assunto ou abordado para diferentes tipos de leitores. A principal ferramenta utilizada para isso é a comunicação científica, que possui um grande impacto social. Nesse contexto, a Brain Support criou vários mascotes que tentam transmitir assuntos relacionados à neurociência de forma mais lúdica, divertida e de fácil entendimento por meio de blogs, memes, vídeos e desenhos experimentais. São nossos mascotes: Brainlly, Olmeca, Iam, Yagé e Math. Cada um desses mascotes possui uma representação científica, abrangendo diferentes campos da neurociência. Aqui, vamos falar um pouco da Olmeca e de sua relação com a cultura, epigenética, comportamento e competências socioemocionais.

A olmeca é uma garotinha bastante inteligente que gosta muito de ciência e tecnologia e que representa nossa cultura latino americana da melhor forma possível, baseada em nossos ancestrais. A Olmeca representa a civilização Olmeca que estiveram na origem da antiga cultura pré-colombiana, sendo a primeira civilização da Mesoamérica e que se desenvolveram nas regiões do centro-sul do atual México durante o período pré-clássico. Uma cultura rica em diversas áreas humanas, inclusive na ciência, onde desenvolveram sua própria escrita, matemática e calendário. Apesar do seu nome fazer uma forte referência a esse povo,essa garotinha também veio representar todas as nossas civilizações existententes aqui desde o período pré-colonial, como os Incas, Maias e astecas por exemplo, visto a necessidade de atribuir um maior fator cultural latino americano a neurociência levando em consideração a predominância de aspectos eurocêntricos relacionados a essa área. Dessa forma, a cultura se torna uma ferramenta importante para o estudo do comportamento e competências humanas.

Estamos inseridos em uma sociedade fortemente multicultural em todas as partes do mundo. A cultura acaba moldando o indivíduo que está imerso nela, podendo traçar desde sua personalidade até os valores éticos e morais de um indivíduo (Cognição individual), além de está intimamente relacionado com o processo de formação de uma Cognição Social. Nesse contexto, surge a Neuroantropologia, que é o estudo do sistema nervoso e a sua interação na cultura e do comportamento humano, tendo como principal objetivo compreender a relação dos sistemas sociais e culturais das pessoas com suas formações biológicas cerebrais que impactam em sua cognição. A olmeca sempre tenta trazer conceitos neuro antropológicos para explicar fenômenos fisiológicos associados ao comportamento de um indivíduo em um contexto social. O comportamento humano é muito complexo e é resultado de uma variedade de fatores. Um comportamento específico, pode ser definido a partir de fatores genéticos (dependendo da expressividade ou não de um gene responsável por um comportamento inato), de fatores ambientais (relacionado com aprendizagem ao longo da vida) ou fatores relacionados a ambos (como é o caso da epigenética, onde fatores ambientais influenciam fenótipos do comportamento). Aqui, vamos discutir um pouco sobre cada um desses fatores e de como a olmeca pode trazer informações importantes para o desenvolvimento de nossos aspectos cognitivo,sociais, culturais e cognitivos a partir de competências socioemocionais.
Fatores genéticos

Fatores ambientais

Fatores epigenéticos


Visto todos esses fatores envolvidos no processo de desenvolvimento da cognição humana, vimos que o ambiente em que estamos inseridos socialmente é o principal componente em comum de todos esses mecanismos. Sabendo dessa grande importância das influências ambientais na formação cognitiva comportamental de um indivíduo, a olmeca traz o conceito de competências socioemocionais humanas, que são as capacidades individuais que se manifestam nos modos comportamentais de pensar (processar), sentir e gerar atitudes a partir de estímulos ambientais sociais, ou seja, é padrão frequente de ação e reação frente a estímulos de ordem pessoal e social. Dessa forma, é importante desenvolvermos o máximo durante a infância de um indivíduo suas competências socioemocionais visando a potencialização de aspectos nos âmbitos cognitivo, social, emocional, cultural, entre outros. Considerando a importância de determinadas habilidades a serem desenvolvidas no meio educativo, adotamos um modelo que define doze competências humanas socioemocionais, sendo elas: executivas, jurídicas, legislativa, democrática, laica, feeling, de direito, amabilidade, autogestão, resiliência, abertura ao novo e consciência. Dessa forma, tentando trabalhar o desenvolvimento da cognição humana de uma forma mais neutra utilizando a neuroantropologia e as competências socioemocionais, é imprescindível o desenvolvimento de estudos na área que favoreçam o surgimento de novas abordagens educativas.
Desenho experimental


Referências:
WIJEAKUMAR, Sobanawartiny et al. Early adversity in rural India impacts the brain networks underlying visual working memory. Developmental science, v. 22, n. 5, p. e12822, 2019.
Espino-Díaz, L.; Alvarez-Castillo, J.-L.; Gonzalez-Gonzalez, H.; Hernandez-Lloret, C.-M.; Fernandez-Caminero, G. Creating Interactive Learning Environments through the Use of Information and Communication Technologies Applied to Learning of Social Values: An Approach from Neuro-Education. Soc. Sci. 2020, 9, 72.
Codina, M. J. 2014. Tesis Doctoral Neuroeducación En Virtudes Cordiales. Una Propuesta a Partir de La Neuroeducación y La Ética Discursiva Cordial.
Alahmadi, Nsreen, et al. "Different resting state EEG features in children from Switzerland and Saudi Arabia." Frontiers in human neuroscience 10 (2016): 559.
Paul, Robert H., et al. "Cross-cultural assessment of neuropsychological performance and electrical brain function measures: additional validation of an international brain database." International Journal of Neuroscience 117.4 (2007): 549-568.
WIJEAKUMAR, Sobanawartiny et al. Early adversity in rural India impacts the brain networks underlying visual working memory. Developmental science, v. 22, n. 5, p. e12822, 2019.
Espino-Díaz, L.; Alvarez-Castillo, J.-L.; Gonzalez-Gonzalez, H.; Hernandez-Lloret, C.-M.; Fernandez-Caminero, G. Creating Interactive Learning Environments through the Use of Information and Communication Technologies Applied to Learning of Social Values: An Approach from Neuro-Education. Soc. Sci. 2020, 9, 72.
Whiten, A. (2019). Cultural Evolution in Animals. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, 50(1). doi:10.1146/annurev-ecolsys-110218-025040
Franco, Fabien, et al. "Metabolic and epigenetic regulation of T-cell exhaustion." Nature Metabolism 2.10 (2020): 1001-1012.
CLAES, Stephan. Neuroepigenetics of Prenatal Psychological Stress. In: Progress in molecular biology and translational science. Academic Press, 2018. p. 83-104.
MARSHALL, Paul; BREDY, Timothy W. Cognitive neuroepigenetics: the next evolution in our understanding of the molecular mechanisms underlying learning and memory?. NPJ science of learning, v. 1, n. 1, p. 1-8, 2016.
Su, Yu-Sheng, Hung-Yue Suen, and Kuo-En Hung. "Predicting behavioral competencies automatically from facial expressions in real-time video-recorded interviews." Journal of Real-Time Image Processing (2021): 1-11.
Cruz-Albarran, Irving A., et al. "Human emotions detection based on a smart-thermal system of thermographic images." Infrared Physics & Technology 81 (2017): 250-261.
VASCONCELLOS, Silvio José Lemos et al. Psychopathic traits in adolescents and recognition of emotion in facial expressions. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 27, n. 4, p. 768-774, 2014.
SALVADOR-SILVA, ROBERTA et al. Psicopatia e Reconhecimento de Expressões Faciais de Emoções: Uma Revisão Sistemática. Psicologia: Teoria e Pesquisa (UnB. Impresso), 2014.
ARDIZZI, Martina et al. When age matters: differences in facial mimicry and autonomic responses to peers' emotions in teenagers and adults. PloS one, v. 9, n. 10, p. e110763, 2014.
SÉGUIN, Jean R. The frontal lobe and aggression. European Journal of Developmental Psychology, v. 6, n. 1, p. 100-119, 2009.